Minha mãe adora jambo, essa frutinha da foto aí em cima. Ela sempre nos contou que, quando era criança, havia um pé de jambo no meio do córrego na fazenda onde ela nasceu. Ocorre que ele sempre ficava carregado de frutas na época da cheia, quando o córrego transbordava. Mesmo assim, ela, que não sabe nadar nem "cachorrinho", ficava sobre uma pinguela (aquele tronco que colocam para atravessar o córrego) se esticando toda para alcançar as frutas que ela tanto adora. Que perigo! Mas para ela valia a pena. De tanto ouvir essa história e ver a sua cara gulosa, eu morria de curiosidade de provar o tal jambo. Quando enfim provei, achei sem-graça. Para mim, tem gosto daquela água com xampu que escorre para o canto da boca quando enxaguamos o cabelo. Juro que penso nisso quando sinto seu sabor! Mas para a minha mãe, naquela época, devia ter gosto de aventura, de desafio. Hoje, acho que tem gosto de infância.
Tenho alguns sabores particulares para o meu "gosto de infância". Alguns são realmente iguarias: ambrosia (ou doce de ovos), bolo de fubá, doce de leite caseiro, doce de pau-de-mamão (esse também tem história para contar depois), doce de mamão lascado (aquele verdinho). Outros nem são esse "manjar dos deuses", mas remetem a lembranças tão maravilhosas... Por exemplo, aquele suspiro tingido de rosa, super comum, que tem gosto de recreio da escola, assim como a bala de fita da Campineira (alguém além de mim se lembra disso?!), ou balas Maluquinha e Banda. Tudo isso tem gosto de infância para mim, e me faz pensar em um tempo mágico e feliz.
Voltando ao jambo, hoje no parque sentamos embaixo de um pé carregadinho. Dei para as crianças provarem. O Bernardo não gostou muito, parece ter achado mais interessante estar comendo algo que nós mesmos retiramos da árvore do que o sabor em si. Já a Helena comeu alguns... Ainda bem que por aqui não há córregos com pinguelas!
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